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Publicado em 08 de dezembro de 2022 por Mecânica de Comunicação

Remediação de águas subterrâneas contaminadas por combustíveis pode exigir duas técnicas combinadas

Diversas atividades podem levar à contaminação dos solos: instalação de indústrias, estoque de produtos químicos, aterramento de resíduos, atividade de exploração mineral, agricultura inadequada, dentre outras. A incorreta utilização do solo pode levar à graves impactos, que vão da perda da aptidão para a agricultura, à contaminação de água subterrâneas ou impossibilidade de utilização da área.

A Resolução CONAMA nº 420 de 28 de dezembro de 2009 estabelece valores orientadores de qualidade do solo e água subterrânea quanto à presença de substâncias químicas. Também estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas.

Quando se trata de contaminação de solos e águas subterrâneas, as operações de transporte, armazenamento e distribuição de combustíveis ganham destaque. A presença de etanol nas águas subterrâneas pode alterar um cenário de contaminação típico de vazamentos de LNAPL (Light Non-Aqueous Liquid Phase) uma vez que altera a solubilidade, mobilidade e degradação de vários compostos.

Além dos processos de infiltração, volatilização, advecção e dispersão, também é importante o efeito de cossolvência, que aumenta a solubilidade da fração apolar do combustível, levando à maior dispersão das plumas de contaminação, além de aumento na solubilidade em água de compostos aromáticos originalmente pouco solúveis como os BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno).

Além do efeito de cossolvência, a presença de etanol nas águas subterrâneas ainda pode levar a outros riscos, dentre eles: diminuição na biodegradabilidade da gasolina, aumento no risco de corrosão de tanques que estocam combustíveis e a dispersão da pluma de contaminação. A gasolina é praticamente imiscível em água, já o etanol, é miscível tanto em água como em gasolina. O etanol se distribui pelas fases aquosa e não aquosa, diminuindo a tensão superficial entre a gasolina e a água, mas se dissolvendo principalmente na água.

No caso de vazamentos da mistura gasolina/etanol, a elevada demanda de oxigênio causada pela presença do etanol faz com que o meio se torne anaeróbio. Nestes casos, a degradação do etanol segue via metanogênese, levando à formação de acetaldeído, acetato, ácido butírico, ácido propiônico, hidrogênio gasoso, n-propanol, acetona, dióxido de carbono e metano

Uma vez contaminadas por combustíveis, as águas subterrâneas devem ser submetidas a processos de tratamento, a fim de evitar o espalhamento da contaminação. Quanto às técnicas de remediação mais utilizadas estão escavação de solos, extração de vapores, Pump & Treat, extração de fase dupla, recuperação de NAPL, borbulhamento de ar, atenuação natural monitorada, oxidação química e biorremediação estimulada.

Torna-se importante destacar que a maioria dos tratamentos se realiza através da combinação de duas ou mais técnicas, como por exemplo o caso da a recuperação de NAPL, ou da escavação de solos, que consiste na remoção do material para remediação ex situ. Além disso, os processos biológicos destacam-se pela simplicidade operacional, possibilidade de formação de subprodutos menos tóxicos que o contaminante original, capacidade de mineralização do poluente, além de apresentar custo baixo e efetividade relativamente alta, dentre outras.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Avaliação do uso da oxidação química in situ em solos ferríferos para remediação de água subterrânea contaminada pela mistura gasolina/etanol, defendida por Luiza Notini de Andrade, no Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais, sob orientação da professora Camila Costa de Amorim e coorientação do professor Antonio Teixeira de Matos.