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Publicado em 15 de dezembro de 2022 por Mecânica de Comunicação

Resíduos de mineração podem ser reutilizados em aterros sanitários

A reutilização de resíduos de mineração vem se tornando uma prática bastante incentivada pelos setores de mineração. Do ponto de vista de gestão deste resíduos, seu armazenamento, normalmente feito em grandes pilhas ou barragens de material, representa um desafio ambiental. No Brasil e no mundo há uma busca por soluções que visem a aplicação tecnicamente viável e ambientalmente possível desses materiais.

A indústria da construção civil é uma das áreas de atividade econômica em que o reuso do resíduo de mineração tem relevância. Pode-se dizer que a depender do tipo de aplicação, a reutilização de um resíduo estará condicionada a fatores econômicos e tipo de obra aplicada. Os custos de mobilização e transporte podem em alguns casos elevar os custos produtivos inviabilizando a utilização do resíduo. Neste sentido, algumas aplicações geotécnicas podem ser privilegiadas como uso em rodovias e materiais de revestimentos de aterros de resíduos sólidos. Especificando-se o caso do resíduo de scheelita, sua proximidade à cidade de Currais Novos pode representar vantagens econômicas associadas à substituição de recursos minerais naturais e redução do custo de transporte se utilizado na própria cidade.

Estima-se que no entorno da cidade de Currais Novos existam mais de 4,5 milhões de toneladas de resíduo disposto a céu aberto. Nesse contexto, a significativa quantidade de resíduo produzido na região exige uma solução para a utilização desse material em obras de engenharia a fim de garantir o desempenho ambiental a longo prazo desta atividade. Por outro lado, a crescente dificuldade em encontrar materiais naturais de baixa permeabilidade para emprego na construção civil local justifica a busca e estudo de materiais substitutivos aos normalmente empregados, mas que de igual modo garantam a viabilidade técnica de sua utilização, principalmente para uso como barreira hidráulica.

É importante lembrar que, em qualquer tipo de área destinada a recebimento de resíduos urbanos, uma vez atingida a capacidade útil do aterro de resíduos é indicada a execução de uma série de ações para manutenção ambiental da área, uma delas é a execução de um revestimento impermeável superior, também chamado de cobertura final.

Várias são as técnicas empregadas para composição da cobertura final, mas normalmente a determinação das camadas que compõe essa cobertura e sua espessura sofre direta influência do tipo de resíduos a cobrir, de aspectos locais como o balanço hídrico e clima, e estabilidade da massa de resíduo. Estas condicionantes têm incentivado frequentemente a utilização de sistemas alternativos, bem como diferentes números e tipos de camadas em relação à cobertura convencional.

Na geotecnia, a utilização dos resíduos da scheelita ainda é pequena sendo mais comum a utilização dos rejeitos arenosos para aplicações rodoviárias como reforço de subleito, base arenosa impregnada de ligante hidráulico, ou até mesmo como material aplicado em base e sub-base de pavimentos.

Na geotecnia ambiental, a utilização de resíduos de mineração na execução de revestimentos para aterros de resíduos é mais comum para materiais de granulometria fina, pois tendem a apresentar baixa permeabilidade quando compactados. Diversos autores vêm estudando a aplicação de resíduos da mineração com a finalidade de barreira hidráulica. Essas pesquisas sugerem que a inserção de um material de granulometria fina, em que pelo menos 10% das partículas tenham tamanho inferior a 0,002 mm, pode contribuir para um material compósito em que a condutividade hidráulica seja reduzida.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Aplicação geotécnica de resíduo de mineração em sistemas de cobertura final de aterros sanitários, defendida por Tiago Feitosa Gondim, na Pós-graduação em Engenharia Civil, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob orientação da professora Maria del Pilar Durante Ingunza e coorientação do professor Osvaldo de Freitas Neto.