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Publicado em 09 de fevereiro de 2023 por Mecânica de Comunicação

Modelo climático brasileiro avalia correntes oceânicas com assertividade

Os diferentes cenários e a contemplação dos diferentes fenômenos ambientais exigem uma grande capacidade computacional para ser solucionada por modelos. O estado da arte dos modelos climáticos é uma classe de modelos complexa e completa, os chamados Modelos do Sistema Terrestre (ESM).

Esses modelos são caracterizados por terem acoplamento entre a componente de simulação oceânica e atmosférica, garantindo uma melhor representação do ambiente natural, apresentarem baixa resolução espacial e longos períodos de simulação. Alguns desses modelos dispõe também de componentes de descarga fluvial, queimadas e constituição de gelo oceânico. Diferentes modelos dessa classe têm diferentes parametrizações, diferentes organizações verticais da atmosfera, oceano e diferentes grades de resolução.

No CMIP5 (Projeto de Intercomparação de Modelos Acoplados), elaborado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC, foram utilizados mais de 30 ESM dentre os quais está incluso o Modelo Brasileiro de Sistemas Terrestres – Oceano Atmosfera versão 2.5 ou BESM-OA2.5.

Resultado de vasto investimento em ciência e tecnologia entre os anos de 2000 a 2015, o modelo brasileiro desenvolvido pelo CPTEC/INPE (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos/Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) é um ESM composto pela componente atmosférica desenvolvida pelo INPE, o BAM (Modelo Atmosférico Brasileiro) e a componente oceânica desenvolvida pelo GFDL (Laboratório de Geofísica e Dinâmica Fluida), O MOM4p1 (Modelo Oceânico Modular versão 4.1).

O BESM possui componente de gelo oceânico e descarga fluvial, bem como os módulos de interação com transpiração de florestas e queimadas e colocou o Brasil para um cenário de atenção global no âmbito das ciências climáticas ao fazer parte dos modelos que forneceram seus resultados para o CMIP5.

Parte dos resultados do BESM para os experimentos do CMIP5 foram utilizados como forma componente dos dados do ensemble (compilado de dados que gera os padrões médios dos experimentos). Outra parte dos resultados foi estudado por alguns poucos estudos que descreveram o comportamento de algumas oscilações climáticas identificadas nos resultados do modelo, ratificando a capacidade do modelo em simular as variações do clima de forma satisfatória.

Outro aspecto importante para avaliar a representatividade do resultado numérico é avaliar as correntes oceânicas simuladas. Por exemplo, ainda na década de 60, apontava-se para a importância da mensuração do transporte de correntes oceânicas na regulação do clima global. Essas correntes são responsáveis por advectar nutrientes, larvas, massa e energia por todo o globo. Estudos avaliaram os resultados de modelos climáticos do sistema terrestre em relação ao escoamento de correntes marinhas. Assim, ainda é necessário avaliar o desempenho do modelo BESM em relação ao escoamento de correntes oceânicas e suas principais características como o transporte de volume, em especial da Corrente do Brasil (CB).

A CB é a corrente de contorno oeste que compõe o Giro de Alta Pressão do Oceano Atlântico Sul (AS) ao longo da costa brasileira junto com a Corrente do Atlântico Sul (CAS), Corrente de Benguela (CBg) e Corrente Sul Equatorial (CSE). Ela se origina em torno de 15°S a partir da bifurcação da porção sul da CSE. Logo depois de formada é considerada rasa e fraca e flui em direção às altas latitudes ao longo da quebra da plataforma continental até a latitude em torno de 40°S. Nesta região ela encontra a Corrente das Malvinas (CM), outra corrente de contorno oeste, mas que flui em direção oposta. No encontro dessas duas correntes se estabelece a Confluência Brasil-Malvinas (CBM), uma das regiões oceânicas mais dinâmicas do mundo.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Avaliação da corrente do Brasil em um cenário de mudanças climáticas utilizando o modelo brasileiro de sistemas terrestres (BESM), defendida por João Victor Carminati Koppe, no Programa de Pós Graduação em Oceanografia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo, sob orientação do professor Renato David Ghisolfi.