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Publicado em 11 de maio de 2023 por Mecânica de Comunicação

Avaliação do Ciclo de Vida ex-ante aponta ecoeficiência do óleo extraído da amêndoa da castanha de caju

Os óleos vegetais são uma fonte importante de calorias usados na preparação de margarinas, óleos de salada e frituras, e constituem formulações industriais e base biológica, incluindo lubrificantes, óleos secantes e biodiesel.

O Brasil, em razão de seu clima e extensão territorial, é reconhecido por sua grande capacidade de extração de óleos vegetais. Diversas são as culturas que possibilitam a extração de óleo. No Estado do Ceará, pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) vêm desenvolvendo estudos acerca da extração de um óleo para consumo proveniente da amêndoa da castanha de caju, com características similares ao azeite de oliva, pelo alto valor nutricional e fonte saudável de lipídeos à dieta humana.

É importante ressaltar que no processamento da castanha de caju, observa-se o elevado índice de quebra deste produto, tanto no sistema mecanizado (40%) quanto no manual (20%), o que reduz seu preço de mercado. Porém, a extração de óleo a partir das amêndoas quebradas pode ser uma alternativa que agrega valor ao produto, pois trata-se de uma matéria-prima produzida em larga escala no Brasil, além de contribuir para a oferta de alimentos mais saudáveis e funcionais.

A extração do óleo a partir da amêndoa é uma tecnologia ainda em desenvolvimento, requerendo avaliação do seu desempenho ambiental e econômico. Esta avaliação é fundamental em etapa inicial do processo de desenvolvimento tecnológico, pois possibilita a identificação de pontos críticos e possibilidades de alteração em processos e produtos, promovendo a redução de impactos ambientais e aumento do valor econômico.

A realização de mudanças na tecnologia quando ela está em desenvolvimento é bem mais rápida, barata e possível de ser efetuada do que quando já está em uso pela sociedade. Nessa fase de desenvolvimento tecnológico, a metodologia da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) ex-ante vem sendo amplamente empregada para avaliar impactos ambientais de processos e produtos.

A ACV ex-ante também pode ser empregada em estudos de Pegada de Carbono e Hídrica, os quais mensuram, respectivamente, os impactos associados às mudanças climáticas e ao uso da água (ex. escassez hídrica, eutrofização e toxicidade). Associando o estudo das pegadas ao do valor de um sistema de produto, permite-se a análise da sua ecoeficiência.

Esta análise é uma ferramenta de gestão que permite identificar processos mais ecoeficientes nas cadeias de produção, fornecendo informações importantes para formuladores de políticas sobre gestão sustentável e uso racional dos recursos naturais. A busca pela ecoeficiência deve se concentrar tanto na redução de custos de produção quanto nas melhorias ambientais, buscando a introdução de tecnologias inovadoras que promovam uma produção mais limpa.

Nesse sentido, a avaliação ex-ante da extração de óleo é benéfica pois promove a otimização do processo, identificando os pontos impactantes e permitindo a redução dos impactos ambientais, assim como a análise da ecoeficiência, que permite observar o produto do ponto de vista empresarial, considerando seu valor econômico atrelado a preocupação ambiental.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Análise de ecoeficiência do óleo extraído da amêndoa de castanha de caju, defendida por Pollyana Maria Pimentel Monte, no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Ceará, sob orientação do professor Rogério César Pereira de Araújo e coorientação da professora Maria Cléa Brito de Figueirêdo.