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Publicado em 01 de junho de 2023 por Mecânica de Comunicação

Papel da logística reversa na gestão de resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos

Os equipamentos elétricos e eletrônicos (EEE) possuem uma fase de utilização relativamente curta, pois, com o avanço tecnológico, os ciclos de mercado tendem a tornar os bens de consumo mais baratos e de fácil acessibilidade. Os produtos que geram resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos (REEE) são sofisticados e contêm uma vasta gama de materiais, e considerando o modo como são fabricados, os métodos de separação se tornam difíceis.

Um fator de conflito da gestão dos REEE é a falta de modelos econômicos sustentáveis, em que os atores se sintam confortáveis com as suas responsabilidades. A classificação de REEE segundo os padrões internacionais é também um grande desafio para viabilizar estudos que possam ser comparados, usando a mesma metodologia para a avaliação de geração e de desempenho. Existem muitos tipos de produtos de EEE no mercado, o que torna difícil agrupá-los em categorias úteis e sensatas.

Muitas classificações podem ser utilizadas para descrever a gestão de REEE, e cada uma delas é potencialmente valiosa para formar a base das estatísticas de resíduo eletrônico no âmbito de medição proposto. No entanto, vários critérios devem ser respeitados ao fazer a classificação dos REEE, com a finalidade de adequar, de modo eficaz, os controles e os métodos de medição desses resíduos gerados, e assim obter indicadores sensíveis. Por exemplo, os tubos de raios catódicos (CRT) podem ser alocados para equipamentos de TI, em outros países eles podem ser considerados como aparelhos domésticos, enquanto em outros podem ser agrupados como ‘produtos de telas’.

O processo de reciclagem consiste na remoção de componentes tóxicos e de materiais, o que inclui a separação manual de produtos EEE e a separação mecânica (trituração, quebra e ordenação sequencial), para depois passar para o processamento final, que abrange a refinaria de metal base, a refinaria de metais preciosos, a reciclagem de plásticos, a reciclagem de baterias, o tratamento de outros componentes e, por fim, o descarte correto de resíduos não recicláveis.

Uma pesquisa apresentou um modelo de Análise do Ciclo de Vida (ACV) de resíduos de desktop e propôs dois cenários. O primeiro representando a prática atual de envio dos resíduos ao aterro sanitário, e o segundo explorando alternativas de gestão de resíduos. O cenário alternativo de gestão dos REEE (desktop) resultou em redução de 27,1% dos impacto ambientais relacionados com a condição inicial de destinação dos resíduos aos aterros sanitários.

Nesse sentido, a logística reversa pode trazer benefícios ambientais e econômicos com o aumento do potencial de reciclagem e a valorização dos resíduos. A oferta de materiais para serem valorizados é um ponto crucial na estruturação de mecanismos e de infraestrutura para a coleta e retorno REEE via logística reversa.

Acredita-se que o maior desafio seja a falta de sistemas prontos e a necessidade de desenvolver sistemas próprios. Outro ponto desafiador é a falta de disponibilidade de REEE suficientes para implantação da logística reversa, bem como a sustentabilidade de uma operação diária desse sistema. O papel da logística reversa na estratégia empresarial é que definirá o tipo de sistema de informações gerenciais que será desenvolvido.

Nesse cenário, torna-se oportuno e, sobretudo, imprescindível entender e conhecer o sistema de coleta de REEE existente em uma cidade, para que as etapas da cadeia reversa possam ser viabilizadas e instituídas. Se não há coleta, a cadeia dos resíduos reversos também não existe.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Análise da coleta de resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos nos ecopontos de Belo Horizonte, MG, defendida por Débora Ferreira dos Santos, no Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais, sob orientação do professor Raphael Tobias de Vasconcelos Barros.