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Publicado em 22 de junho de 2023 por Mecânica de Comunicação

Biomassa residual do café pode ser alternativa para produção de biocombustíveis

O Brasil, por ser principalmente um país de economia agrícola, dispõe de grande variedade de resíduos agroindustriais, cujo tratamento seria extremamente vantajoso, se destacando como maior produtor e exportador de café do mundo, representando mais de 35% da produção mundial total entre 2013 a 2017, alcançando cerca de 267,8 milhões de sacas de 60 kg.

Durante o processamento, no entanto, vários subprodutos são gerados. Esses subprodutos incluem, por exemplo, casca, polpa, pergaminho e mucilagem que são descartados após a retirada do grão. As cascas de café são os principais resíduos sólidos do processamento, dado que para cada 1 kg de café produzido são gerados cerca de 1 kg de casca.

Alguns dos usos alternativos propostos para este resíduo incluem, por exemplo, suplemento para alimentação animal, fermentação para a produção de diversos produtos (enzimas, ácido cítrico e substâncias aromatizantes), utilizados como substratos para o crescimento de cogumelos e uso direto como combustível. Ainda que existam algumas aplicações para o emprego dos resíduos gerados no processamento do café, grande parte ainda permanece sem uso. Isto representa um grande problema ambiental, devido à sua constituição química que possui alto teor de tanino e compostos fenólicos que podem ser tóxicos para plantas e microrganismos presentes no solo. Portanto, o gerenciamento adequado desses resíduos permite minimizar o desperdício e o descarte incorreto promovendo o desenvolvimento sustentável.

Contudo, as características indesejáveis inerentes à biomassa, tais como baixa densidade e alta umidade influenciam nos custos de transporte, armazenamento e na eficiência energética. Uma solução simples e direta para superar essas desvantagens é a compactação mecânica da biomassa transformando-as em briquetes. Tal processamento reduz o volume da biomassa resultando em materiais mais densos, homogêneos e com tamanhos e formas regulares, otimizando e reduzindo custo no manuseio, transporte e aumentando a capacidade de armazenamento a longo prazo e a densidade energética.

As características da biomassa densificada influenciam diretamente na sua aplicação final como combustível sólido, assim é importante compreender as propriedades físicas, mecânicas e energéticas. A densidade aparente e resistência mecânica estão entre os parâmetros mais importantes dos briquetes como combustível. As características mecânicas dos briquetes sem adição de ligantes dependem do tamanho e da estrutura das partículas da biomassa, geralmente considera-se que partículas menores resultam em produtos compactados mais densos e resistentes.

A produção de briquetes de casca de café fornecem produtos de qualidade (propriedades energéticas, mecânicas e físicas), sendo assim uma alternativa para a transformação de resíduos cafeeiro em produtos com maior valor agregado. Já o processo de pirólise lenta dos briquetes de casca de café resultara em produtos sólidos com características energéticas e químicas satisfatórias, podendo ser viável seu uso como carvão doméstico.

Assim, a conversão dos resíduos cafeeiro em biocombustíveis podem proporcionar uma solução sustentável para parte do cenário futuro dos combustíveis, bem como contribuir para o desenvolvimento social e econômico por meio da exploração desse resíduo.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Biomassa residual cafeeira como alternativa para produção de biocombustíveis, defendida por Carine Setter, no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia da Madeira, da Universidade Federal de Lavras, sob orientação do professor Tiago José Pires de Oliveira, e coorientação do professor Carlos Henrique Ataíde.