Publicado em 29 de junho de 2023 por Mecânica de Comunicação

Mineração tem adotado estratégias de sustentabilidade para diminuir impacto ambiental

A mineração, assim como a agricultura, vem suprindo necessidades do ser humano por milênios, e tem sido essencial para o progresso da civilização. Contudo, a atividade gera impactos ambientais, desde a abertura da cava até a destinação final. E, parte desses impactos estão associados ao manejo de resíduos durante a produção mineral.

A geração de resíduos no setor está associada ao aumento da demanda dos recursos minerais pela sociedade. Entre os anos 1776 e 2006, o consumo per capita de alguns minerais chegou a crescer 20000%. Entre os anos de 2007 e 2017, os sete minerais mais produzidos no planeta foram o carvão mineral, o petróleo, o minério de ferro, a bauxita, o sal, e o fosfito, respectivamente. E, dentre esses minerais, o carvão mineral, o petróleo e o minério de ferro destacam-se por sua intensa produção.

Nesse sentido, o valor dos serviços ecossistêmicos (SE) perdidos pelas áreas ocupadas pela mineração de ferro superam US$ 1,3 bilhão, os quais cerca de 50% são resultantes das minas localizadas nas florestas tropicais, sendo que o Brasil é um dos principais países que impactam os SE providos por esse bioma.

Assim, diante do alto potencial gerador de impactos socioambientais da indústria de mineração de ferro, mostra-se urgente o alinhamento do setor com o desenvolvimento sustentável (DS) como recurso para mitigar tais danos. A incorporação da sustentabilidade em cadeias produtivas está associada à constante avaliação dos impactos ambientais gerados, por meio de indicadores ambientais, e a execução contínua de melhorias ambientais. Afinal, a partir da avaliação da sustentabilidade, os problemas detectados podem ser mitigados por meio da adoção de estratégias de sustentabilidade.

O Estado de Minas Gerais (MG) concentra grande parte da riqueza mineral do país, com destaque ao minério de ferro. Em 2018, MG foi o maior produtor do minério do Brasil, gerando uma receita de aproximadamente R$ 36 bilhões. Localizado na região centro-sudeste de MG, está o Quadrilátero-Ferrífero (QF), que se estende por aproximadamente 7000 km² e é rico em depósitos de minério de ferro. No nordeste do QF, no município de Bela Vista de Minas, localiza-se a Mina do Andrade, onde o minério de ferro é lavrado desde 1944.

Em janeiro 2018, foi dado início à uma reestruturação da política ambiental de resíduos na empresa, havendo a adoção de estratégias visando à maximização da eficiência do gerenciamento de resíduos sólidos (RS). Em novembro do mesmo ano, iniciou-se o Projeto Itabirito (PI), o qual visava à construção de uma planta de concentração de itabirito, que viria a entrar em atividade no início de 2020.

Os resíduos sólidos industriais (RSI) cuja origem está nos setores produtivos primários, como a mineração, geralmente requerem soluções "in loco", ou seja, o próprio empreendimento é responsável pela destinação final correta dos RS e pela eliminação dos passivos ambientais. E, para mitigar os impactos socioeconômicos e ambientais gerados por esses poluentes é essencial a constante avaliação e mensuração de desempenho, o que viabiliza a proposição de estratégias eficazes, considerando as peculiaridades do empreendimento.

Uma forma de apontar o quanto se deve reduzir o consumo, aperfeiçoar as tecnologias, ou mudar o comportamento para alcançar a sustentabilidade é a Pegada Ecológica (PE). O instrumento de cálculo permite estimar a dimensão de uma área biologicamente produtiva necessária para prover os serviços ecossistêmicos requeridos por uma pessoa, uma região, uma nação ou a humanidade.

.As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado A Pegada Ecológica como instrumento de avaliação da sustentabilidade ambiental no manejo de resíduos sólidos na mineração de ferro, defendida por Lorena Drumond Barboza Morais, no Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade Socioeconômica Ambiental da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, sob orientação da professora Mariangela Garcia Praça Leite e coorientação do professor Jean Carlos Machado Alves.