Publicado em 06 de julho de 2023 por Mecânica de Comunicação
As construções com terra foram originalmente desenvolvidas de forma independente em diferentes berços da civilização: nos vales dos rios Tigre e Eufrates, no crescente fértil do Nilo, nos vales do Rio Amarelo e do Rio Indo, regiões férteis que propiciaram o assentamento de grupos humanos. Nas Américas, civilizações pré-colombianas já construíam com terra desde 800 a.C., e que o uso do adobe data de 500 a.C. O uso da terra como material de construção surge entre 12.000 a.C. e 7.000 a.C e persiste até os dias atuais.
Sabe-se que partir do período colonial são edificados diversos modelos arquitetônicos de terra no Brasil, sendo aplicadas as técnicas do adobe, taipa de pilão e taipa de mão. Deste período são encontrados exemplos que ainda cumprem com suas funções originais, como a igreja do Rosário e São Benedito em Cuiabá, construída em adobe em 1750; a Catedral Metropolitana de Campinas, inaugurada em 1883 e o Museu José Antônio Pereira, em Campo Grande, construído em taipa de mão em 1873, entre muitos outros exemplos.
As técnicas de construção com terra podem ser divididas de acordo com os métodos construtivos: técnicas monolíticas, em alvenaria e estruturadas. Há ainda algumas técnicas de construção com terra, com adobe, abóbodas de terra, bloco de terra comprimida (BTC), taipa de pilão e técnicas mistas. Diversos sistemas construtivos usam a terra como material de construção. A escolha pelo sistema está diretamente ligada ao tipo de solo disponível e a cultura construtiva de cada região”.
Uma das características atribuídas à arquitetura e construção com terra (ACT) é o seu baixo impacto ambiental. A terra é o material mais abundante que existe. Aproximadamente 74% da crosta terrestre é constituída de terra adequada para a construção. Ainda que determinados tipos de terra necessitem de estabilização para uma aplicação eficaz, existem inúmeras soluções para viabilizar a construção de edificações com terra, de acordo com as demandas necessárias.
A terra é também um material com potencial de reciclabilidade, ou seja, pode ser reutilizado após a demolição das edificações ou, dependendo do tipo de estabilização utilizada, reintegrado ao meio ambiente. Na maior parte das vezes, a reintegração pode ser feita sem prejuízos ao meio ambiente mesmo quando a terra é estabilizada com aglomerantes, devido à baixa porcentagem destes.
Além do mais, a energia incorporada é baixa se comparada a outros materiais de construção, uma vez que a preparação da terra para aplicação na edificação envolve basicamente a remoção da camada orgânica superficial. Na atualidade, com o desenvolvimento da ACT em ambientes urbanos, adiciona-se a este esforço o transporte da terra até o terreno. Sistemas construtivos com uso de materiais naturais podem reduzir em até 50% a energia incorporada das edificações.
A terra, por ser um material poroso, pode absorver e liberar o vapor d’água. Estudos que compararam paredes de adobe com as de pedra, madeira e tijolos cerâmicos demonstraram que a capacidade higrotérmica da terra é superior à desses outros materiais. A terra tem, portanto, a capacidade de equilibrar a umidade do ar, fator que influi no bem-estar dos usuários.
Outra vantagem ambiental que paredes de terra podem apresentar é um desempenho térmico que resulta a eficiência energética das edificações. Paredes de taipa de pilão têm resistência térmica mais elevada quando executadas com maiores espessuras.
As informações acima foram extraídas da tese de doutorado Avaliação da sustentabilidade da arquitetura e construção com terra: estudo de caso no Oeste Catarinense, defendida por Cecília Heidrich Prompt, no Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina, sob orientação da professora Lisiane Ilha Librelotto.
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