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Publicado em 31 de agosto de 2023 por Mecânica de Comunicação

Manejos sustentáveis mitigam perdas de produtividade na lavoura cafeeira

De maneira geral, as pessoas quando pensam em tomar café têm clara mensagem de ingestão de cafeína, não se dando conta de que, na verdade, a bebida café contém outras substâncias que são conservadas mesmo após a torrefação e preparo, notadamente, sais minerais, açúcares, gorduras, aminoácidos e uma vitamina do complexo B (vitamina PP).

A produtividade e o sabor do café, bem como intensidade de pragas e doenças, estão relacionados ao comportamento do clima, particularmente a temperatura e a umidade. As regiões mais aptas para o cultivo do café arábica de alta qualidade e produtividade, são as regiões de montanha, localizadas a uma altitude acima 1200 m e média anual da temperatura ambiente entre 18°C e 22°C.

Estudos sobre os impactos da mudança climática e lavouras de café indicam aumento de, aproximadamente, 0,25°C a cada década, concomitantemente à redução do acumulado anual de chuvas nos períodos de floração e amadurecimento dos grãos. Este conjunto de eventos climáticos adversos, provocaram uma redução de produtividade acima de 20%, particularmente na região Sudeste, notadamente Minas Gerais, maior estado produtor e exportador de café do Brasil, portanto o risco climático traduz-se em risco de redução de produção e aumento da vulnerabilidade social dos cafeicultores.

Existem manejos que possibilitam mitigar as perdas de produtividade causadas pelas adversidades climáticas, especificamente o aumento da temperatura do ar e o excesso de radiação solar. Trata-se do sistema arborizado de sombreamento sob as copas das árvores nativas ou cultivadas, amplamente observado no cultivo da Costa Rica.

O cafeicultor brasileiro tem pouca tradição no cultivo de café em sistemas arborizados sombreado, porém, existem pesquisas dedicadas ao Sistema AgroFlorestal (SAF) que endossam a possibilidade, com sucesso, da prática em algumas regiões, as quais oferecem condições edafoclimáticas adequadas. Em regiões tropicais, a utilização da arborização promove a redução da temperatura ambiente, impulsionando a melhora na floração e redução do índice de abortamento floral. Em síntese, o sistema de cultivo arborizado atenua a incidência da radiação solar, reduz a temperatura e consequentemente, melhora o desenvolvimento dos grãos, que se tornam maiores e mais pesados.

Insumo ecologicamente apropriado para o manejo de cultivos comerciais, o caulim na forma de pó de rocha processado e purificado se apresenta como um produto de baixo impacto ambiental, não tóxico ao meio ambiente e aos seres vivos. Pulverizado sobre as plantas em mistura com água, após evaporação forma uma película microscópica de mineral aderida à superfície da planta, que a qual desempenha a função de redutor do estresse térmico, especificamente, naquelas partes do vegetal que estão expostas as radiações solares e altas temperaturas do ar, reduzindo queimaduras, contribuindo para o aumento de produção e da melhoria da qualidade das frutas.

Lavouras comerciais de café cultivadas a pleno sol, que receberam pulverização do caulim processado, avaliadas sob condições climáticas desfavoráveis, se mostraram mais produtivas comparadas com plantas desprovidas de proteção em função do conforto térmico da planta. Cafeeiros expostos a temperaturas acima de 23ºC, sem sombreamento florestal, tendem a apresentar maior índice de abortamento de flores, induzindo a planta a produzir mais folhas e menos grãos.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Aumento sustentável da produção de café no bioma cerrado com a adição de caulim processado no manejo da lavoura, defendida por Newton Matos Roda, no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Sustentabilidade do Centro de Economia e Administração da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, sob orientação da professora Bruna Angela Branchi e coorientação da professora Regina Márcia Longo.