Publicado em 14 de setembro de 2023 por Mecânica de Comunicação
As intervenções humanas na macrodrenagem urbana podem ser divididas historicamente em três períodos: higienista, racionalista e científico. O período higienista ocorreu durante o século XIX e foi marcado pela criação do redes de drenagem com o objetivo de escoar rapidamente a precipitação e evitar água parada e empoçada pois se considerava que a mesma era passível de contaminação. A partir do período racionalista, as intervenções se voltaram à retificação e revestimento dos cursos d’água.
Nos dias de hoje adota-se uma perspectiva de renaturalização, preservação e despoluição dos cursos d’água e manutenção das várzeas de inundação. As intervenções se voltam para ações que não exijam medidas estruturais, visando a redução de custos e o aproveitamento do potencial urbanístico local por meio de ambientes como áreas verdes e parques lineares. A drenagem deve ser incluída em um processo de planejamento urbano, sendo trabalhada em coordenação com outros aspectos, como os planos de saneamento básico, uso do solo e transportes.
Os parques lineares são uma categoria de intervenção que está inserida no conceito de corredores verdes (greenways), que são sistemas ou redes de terras protegidas que são manejadas visando múltiplos usos, como: proteção da natureza, da biodiversidade e dos recursos hídricos, recreação e proteção de matrimônio histórico e cultural. Essas intervenções incluem corredores/parques lineares e áreas protegidas maiores que se conectam entre si do ponto de vista físico e de suas funções.
Os parques lineares atualmente precisam ser amplamente difundidos pelo Brasil e incluídos nas políticas públicas e nos Planos Diretores Municipais (PDMs). São bem difundidos pelo mundo, existindo de diversos exemplos em países como Estados Unidos, Portugal, Itália, Cingapura, Japão, Coréia do Sul, Austrália, México, Chile e Equador. No Brasil, são exemplos os parques Tiquatira, do Tietê e do Sapé em São Paulo, o parque do Iguaçu em Curitiba, os parques Maternidade e Tucumã em Rio Branco e os parques Mello Barreto e da Gleba, no Rio de Janeiro.
No sentido das águas pluviais, os parques contribuem pelo aumento das zonas de inundação e redução da vazão dos corpos hídricos, pela conservação de áreas permeáveis e por evitar a ocupação irregular. Além disso, visando-se a interligação entre os fragmentos de vegetação, prioriza-se a implantação desses parques de forma que os caminhos e a cobertura vegetal sejam contínuos ao longo de um corpo hídrico. Além disso, esses parques também são comumente associados à melhoria do microclima em áreas altamente urbanizadas.
A inserção dos parques lineares em planos diretores é uma abordagem interessante para a melhoria da macrodrenagem e importante para a consolidação desses parques. O reconhecimento dos parques lineares no PDM como constituintes do sistema de drenagem e importantes para a preservação de APPs e controle do uso do solo e o estabelecimento dos mesmos como prioridade sobre obras de engenharia são medidas iniciais importantes e a partir das mesmas podem (e devem) ser incluídos outros itens referentes ao planejamento, implantação e funcionamento desses parques de acordo com cada caso.
Esses parques representam uma oportunidade favorável à sustentabilidade municipal não só do ponto de vista da macrodrenagem, mas também do desenvolvimento urbano e social pela possibilidade da inclusão de equipamentos para a melhoria da qualidade de vida e integração da população.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Macrodrenagem aplicada à sustentabilidade municipal em cenários de mudanças climáticas: aspectos geoquímicos, hidrológicos e socioambientais. Caso da Bacia do Purys, Três Rios/RJ, defendida por Helder Martins Silva, ao Curso de Pós-Graduação em Geociências da Universidade Federal Fluminense, sob orientação do professor Edison Dausacker Bidone e coorientação da professora Olga Venimar de Oliveira Gomes.
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