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Publicado em 19 de setembro de 2024 por Mecânica de Comunicação

Reúso de águas residuárias de lava-jato traz benefícios sociais, econômicos e ambientais

Estudos em diversas partes do mundo mostram que os serviços de lavagem de veículos demandam uma grande quantidade de água, que não é reaproveitada, sendo despejada no meio ambiente sem tratamento. Aumenta-se a preocupação com isso, pois, além de representar altos custos para diversos empreendimentos, pode provocar danos ao corpo hídrico, pois as águas residuárias de lava-jato (ARLJ) são compostas de surfactantes, óleos e graxas, elevadas quantidades de matéria orgânica, metais pesados e sólidos suspensos.

O tratamento de ARLJ contendo detergentes é um dos grandes problemas da engenharia sanitária, pois há substâncias que alteram as propriedades da água, causando a formação de emulsões e de espumas disformes. No entanto, apesar de geralmente serem usados desengraxantes na lavagem de automóveis, procura-se substituí-los por produtos que provoquem menos danos ao meio ambiente.

Muitas substâncias encontradas em ARLJ, quando despejadas em corpos hídricos, causam danos à fauna e à flora por terem elevada toxicidade, capacidade de bioacumulação, interferirem em trocas gasosas e transferência de energia, consequentemente afetando a saúde da humanidade.

O reúso de ARLJ vem ganhando bastante ênfase em diversos países, principalmente pelo grande desperdício de água potável em suas atividades. Nos Estados Unidos, Japão e alguns países da Europa, existem leis específicas que obrigam a instalação de dispositivos para o tratamento dos efluentes gerados e também a implantação de equipamentos para reúso da água utilizada.

Por ser uma atividade que causa poluição nos corpos hídricos, os lava-jatos necessitam de regulamentação e fiscalização do poder público. Assim, algumas cidades brasileiras adotaram projetos que objetivam tratar e posteriormente fazer o reúso dos efluentes. O procedimento inicial consiste em fazer análises em laboratório dos resíduos para assim planejar uma estratégia de tratamento mais adequada, considerando as questões ambientais. Enfatiza-se que existem métodos para o tratamento de ARLJ de baixo custo, não causando déficit financeiro na empresa.

A reutilização de águas residuárias traz diversos benefícios ambientais, econômicos e sociais. Entre os benefícios ambientais, podemos destacar a redução do lançamento de esgoto sem tratamento em corpos hídricos, o que contribui para a preservação da qualidade da água e dos ecossistemas aquáticos. Além disso, a reutilização de águas residuárias também pode diminuir a captação de águas superficiais e subterrâneas, o que é especialmente importante em regiões de crise hídrica.

Do ponto de vista econômico, a reutilização de águas residuárias pode gerar alterações nos padrões de produção e consumo, além da redução dos custos de produção, já que o custo da água de reúso é mais baixo do que a captação de água subterrânea, pois o tratamento da água subterrânea pode envolver processos de captação, bombeamento, tratamentos químicos e distribuição, o que aumenta consideravelmente os custos. Já a água de reúso, apesar de também necessitar de tratamento, é uma fonte disponível nas próprias instalações e pode ser tratada com tecnologias mais simples e menos dispendiosas.

Por fim, a reutilização de águas residuárias também pode trazer benefícios sociais, já que contribui para a preservação do meio ambiente e da qualidade de vida das comunidades, além de promover o uso sustentável dos recursos hídricos. Assim, a reutilização de águas residuárias pode ser uma estratégia importante para promover a sustentabilidade ambiental e socioeconômica em diversas regiões.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Comparação de sistemas de tratamento de águas residuárias em lava-jato, visando o reuso, defendida por Antônio Pires Freire, no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Aplicada e Sustentabilidade do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Rio Verde, sob orientação do professor Édio Damásio da Silva Júnior e do professor Hugo Leonardo Souza Lara Leão.