Publicado em 05 de dezembro de 2024 por Mecânica de Comunicação
O processo de compostagem consiste na decomposição dos resíduos orgânicos em formas mais simples pela ação de microrganismos em condições aeróbias, gerando como produto principal um material sólido chamado de composto orgânico, que pode ser utilizado para adubação do solo e demais produtos agrícolas.
A compostagem pode ser feita em uma variedade de técnicas e escalas, sendo uma das alternativas os sistemas de compostagem descentralizada, cujo tratamento dos resíduos orgânicos é feito em uma maior quantidade de unidades, mais próximas às fontes geradoras, geralmente com maior envolvimento da comunidade, escalas menores e menores impactos ambientais do que as soluções de usinas de compostagem e aterros.
Exemplos de aplicações possíveis para este sistema nos centros urbanos são as escolas, restaurantes, feiras livres, hotéis, entre outros. A abordagem da compostagem descentralizada (como a compostagem doméstica e a comunitária) tem sido um foco importante para prover referências locais dos requisitos, custos e benefícios desse tipo de alternativa.
Há uma série de fatores que podem influenciar no sucesso de um projeto de compostagem, incluindo: aeração e microrganismos eficazes. A aeração adequada é fundamental para evitar a decomposição lenta dos resíduos e a geração de odores desagradáveis. Uma das formas de prover a aeração de forma passiva é através do uso de tubulações, que favorecem o fluxo de ar dentro das unidades de compostagem. Em relação aos microrganismos que atuam no processo, apesar dos resíduos que compõem a mistura inicial normalmente já apresentarem microrganismos suficientes para o desenvolvimento da compostagem, tem sido crescente o número de pesquisas sobre o potencial de aceleração da decomposição através do uso de inoculantes contendo microrganismos específicos.
Um estudo que comparou a destinação em nível nacional na União Europeia e Canadá indicou que uma mudança de aterramento para compostagem descentralizada poderia colaborar para a redução em 40% das emissões.
Uma análise de ciclo de vida (ACV) para o sistema de gestão de resíduos de Teerã indicou que o cenário que combinava o máximo de benefícios ambientais com tecnologias dentro do limite financeiro da cidade era o que previa a implantação de sistemas de compostagem e a separação dos resíduos na fonte.
Na comparação da ecoeficiência de diferentes cenários, uma pesquisa avaliou a mitigação de emissões de gases de efeito estufa (GEE) em relação à necessidade de investimentos na gestão de resíduos em municípios no Brasil. Concluiu-se que, em nível nacional, uma mudança nos sistemas de destinação que propiciasse 70% de compostagem dos resíduos orgânicos e 70% de reciclagem dos resíduos secos seria o cenário com maiores benefícios ambientais em relação à necessidade de investimentos, com uma redução nas emissões de GEE ao custo de elevar em US$ 11,80 (32%) a tonelada de resíduos destinada.
Outro estudo avaliou o potencial da comercialização de créditos de carbono para financiar projetos de compostagem descentralizada na Ásia, constatando que em sistemas de maior escala o valor arrecadado com os créditos de carbono pode superar os custos de transação envolvidos, sendo uma fonte de receita viável. Dentro das possibilidades de aplicação da compostagem descentralizada, as feiras urbanas representam uma fonte de resíduos que em geral contêm elevada quantia de resíduos orgânicos e poucas impurezas.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Viabilidade técnica e econômica da compostagem descentralizada de resíduos de feiras: caso de São José dos Campos, defendida por Pedro Lopes Lucas de Amorim, na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, sob orientação do professor Ricardo Gabbay de Souza.
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